A situação do transporte coletivo em Campo Grande, operado pelo Consórcio Guaicurus, tem se tornado insustentável para os usuários. Diariamente, as ruas da cidade são palco de relatos alarmantes sobre a precariedade dos ônibus que circulam pela capital. As queixas vão desde veículos que quebram no meio do trajeto até situações extremas como incêndios e portas sendo mantidas com sacolas plásticas. A realidade é de uma frota sucateada, com ônibus envelhecidos e falhando constantemente, colocando em risco a segurança e o conforto dos passageiros.
Apesar dessa situação crítica, o Consórcio Guaicurus segue tentando minimizar os problemas. Em uma coletiva de imprensa realizada na última terça-feira (7), Themis Oliveira, novo CEO da empresa, tentou desqualificar as reclamações dos usuários ao afirmar que os problemas são “estatisticamente muito poucos” se comparados ao número de veículos em operação. Tal afirmação soa desconectada da realidade vivida pelos passageiros, que enfrentam os riscos do sucateamento a cada viagem. A impressão que fica é a de um desdém pela população, que vê suas necessidades ignoradas por uma gestão que finge que os problemas não são graves.
Além de desconsiderar as reclamações, Oliveira sugeriu que os jornalistas conhecessem as garagens do Consórcio Guaicurus, destacando a “organização e manutenção” dos veículos. No entanto, em nenhum momento se referiu à necessidade urgente de renovar a frota, uma questão que vem sendo levantada pela população e pela imprensa há anos. O Consórcio anunciou, em 2023, a renovação de 71 ônibus, mas a realidade é que a frota de Campo Grande conta com 182 ônibus com mais de 10 anos de uso, sendo que a idade média dos veículos ultrapassa os 8 anos – bem acima do permitido pela concessão, que estipula uma média de 5 anos para os veículos em circulação.
Enquanto o Consórcio tenta desviar a atenção, os passageiros seguem enfrentando problemas graves. Em 27 de dezembro de 2023, um ônibus da linha 080 pegou fogo no corredor de ônibus da Rua Rui Barbosa. O incêndio só não teve consequências mais graves graças à ação de uma comerciante, que emprestou um extintor para conter as chamas, já que o equipamento do próprio veículo não funcionava. Esse tipo de falha evidencia a total falta de comprometimento com a segurança dos passageiros e com a manutenção preventiva dos ônibus. O incidente é apenas mais um entre os muitos problemas enfrentados pelos usuários do transporte público da cidade, que veem suas vidas expostas a situações de risco diariamente.
Além disso, usuários têm denunciado publicamente a péssima condição dos ônibus. Em uma postagem nas redes sociais, uma passageira relatou que na linha 072, o ônibus estava com a tampa do ralo de escoamento de água faltando, o que comprometeu a segurança e o conforto dos passageiros. Em outro caso, na linha 120, a porta de um ônibus estava sendo mantida fechada com uma sacola plástica, uma medida completamente inadequada que poderia colocar em risco a integridade dos passageiros e do próprio transporte.
O que fica claro é que o Consórcio Guaicurus segue ignorando os problemas estruturais que afetam o transporte coletivo de Campo Grande. As promessas de melhoria e renovação da frota são vazias e pouco concretas, e a postura da empresa continua sendo de negligência em relação à qualidade e à segurança do serviço prestado à população. É preciso que o poder público cobre medidas mais efetivas e urgentes para garantir que os cidadãos de Campo Grande tenham um transporte coletivo digno e seguro.