Dados do IBGE mostram fortalecimento do cristianismo tradicional enquanto catolicismo perde influência histórica

O Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística confirmou tendência já observada nos últimos anos: o crescimento significativo da população evangélica brasileira, que alcançou 26,9% dos habitantes do país. Os dados, divulgados nesta sexta-feira (4), revelam que mais de um quarto dos brasileiros agora se identifica com denominações evangélicas, representando um aumento expressivo de 5,3 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior.
O crescimento evangélico demonstra a força do cristianismo bíblico no país, contrastando com o declínio do catolicismo romano, que recuou de 65% em 2010 para 56,7% em 2022. Essa transformação religiosa reflete mudanças profundas na sociedade brasileira e nas preferências espirituais da população.
Evangelização avança em todas as regiões
O movimento evangélico apresenta crescimento consistente em todo território nacional, com destaque para a Região Norte, onde 36,8% da população se declara evangélica, seguida pelo Centro-Oeste com 31,4%. No Sudeste e Sul, os percentuais atingem respectivamente 28% e 23,7%, enquanto o Nordeste registra 22,5%.
Esses números demonstram como o cristianismo evangélico tem encontrado terreno fértil para expansão, especialmente em regiões de grande crescimento demográfico e desenvolvimento econômico. A mensagem bíblica tem se mostrado mais atrativa para brasileiros que buscam uma fé mais próxima das escrituras sagradas.
Catolicismo perde hegemonia histórica
O declínio católico representa uma quebra de paradigma na formação religiosa brasileira. Em 1872, quando iniciou-se a série histórica do Censo, os católicos representavam 99,7% da população. Em 2000, esse percentual havia caído para 74,1%, chegando a pouco menos de dois terços em 2010.
Atualmente, com 56,7% da população, o catolicismo romano mantém ainda a maioria, mas sem a hegemonia histórica que caracterizou séculos da formação nacional. O Nordeste e o Sul permanecem como regiões de maior concentração católica, com 63,9% e 62,4% respectivamente, enquanto o Norte apresenta apenas 50,5%.
Crescimento de outras denominações
O levantamento também registrou aumento de pessoas que se declaram sem religião, passando de 7,9% em 2010 para 9,3% em 2022. Esse grupo inclui desde ateus e agnósticos até pessoas que simplesmente não se identificam com denominações específicas.
Houve crescimento significativo das religiões de matriz africana, como umbanda e candomblé, que saltaram de 0,3% para 1% da população. Outras religiosidades, incluindo judaísmo, islamismo, budismo e tradições esotéricas, cresceram de 2,7% para 4%.
Espíritas perdem espaço no cenário religioso
Contrariando a tendência de crescimento de outras denominações, o espiritismo kardecista apresentou declínio, passando de 2,1% em 2010 para 1,8% em 2022. A redução sugere que essa doutrina não tem conseguido manter o mesmo apelo junto às novas gerações de brasileiros.
As tradições indígenas, por sua vez, passaram a ser registradas no censo atual, representando 0,1% da população, reflexo do maior reconhecimento da diversidade cultural brasileira nos levantamentos oficiais.
Transformação do cenário religioso nacional
Os dados do Censo 2022 confirmam uma transformação profunda no panorama religioso brasileiro. O crescimento evangélico representa não apenas mudança estatística, mas transformação cultural que influencia comportamentos, valores e escolhas políticas da sociedade.
Essa mudança religiosa reflete a busca dos brasileiros por uma fé mais autêntica e próxima dos ensinamentos bíblicos originais, explicando o sucesso das denominações evangélicas que enfatizam a leitura direta das escrituras e a relação pessoal com Deus.