
Débora Rodrigues dos Santos, cabeleireira de 39 anos, pediu perdão por ter escrito a frase “Perdeu, mané” na estátua “A Justiça”, localizada em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), durante os atos de 8 de janeiro de 2023. Em depoimento, Débora afirmou que não fazia ideia do valor financeiro e simbólico da escultura e disse estar profundamente arrependida. Ela está presa desde março de 2023.
Natural da Bahia e moradora de Paulínia, no interior de São Paulo, Débora viajou a Brasília no dia 7 de janeiro daquele ano. No dia seguinte, foi até a Praça dos Três Poderes e, em meio à movimentação, acabou participando da pichação da estátua com batom vermelho. Segundo seu relato, outra pessoa já havia iniciado a escrita e pediu sua ajuda, e ela, sem pensar nas consequências, continuou.
No interrogatório, realizado em novembro de 2024, Débora reconheceu que seu ato foi um erro e afirmou que não teve qualquer intenção de causar prejuízo ou desrespeitar as instituições. O depoimento, que estava sob sigilo, foi divulgado após decisão do ministro Alexandre de Moraes.
“Eu queria pedir perdão ao país. Estar aqui me fez refletir muita coisa. O país depende de hierarquias que precisam ser respeitadas. O Estado foi ferido com meu ato. Foi isolado, não pretendo repetir”, declarou Débora, emocionada. Ela também ressaltou que não participou da depredação dos prédios públicos e que ficou impressionada com a arquitetura do local, tirando fotos enquanto acompanhava os acontecimentos.
O julgamento do caso teve início na semana passada na Primeira Turma do STF. O relator, ministro Alexandre de Moraes, votou pela condenação de Débora a 14 anos de prisão, sendo acompanhado pelo ministro Flávio Dino. No entanto, a decisão final foi adiada após o ministro Luiz Fux pedir mais tempo para analisar o caso.
“Eu tenho de fazer uma revisão dessa dosimetria, porque, se a dosimetria é inaugurada pelo legislador, a fixação da pena é do magistrado”, explicou Fux, indicando que pode haver uma nova avaliação da pena sugerida.