Enquanto Alexandre Correa paga R$ 60 mil por se chamar de corno, BK oferece lanche grátis para quem contar história de traição

O Brasil protagoniza uma das situações mais bizarras de sua história jurídica e comercial. Enquanto a Justiça de São Paulo condena Alexandre Correa a pagar R$ 60 mil por ter se autodeclarado “corno” publicamente, o Burger King lança campanha oferecendo lanches gratuitos para quem assumir publicamente ter levado chifre. O contraste revela o surrealismo tropical em sua forma mais pura.
A coincidência temporal das duas situações expõe contradição hilária da sociedade brasileira contemporânea. De um lado, um homem é penalizado financeiramente por falar sobre sua própria vida conjugal. Do outro, uma multinacional do fast-food transforma a mesma confissão em estratégia de marketing, premiando exatamente aquilo que custou caro para Correa.
Quando ser corno vira crime ou prêmio
A campanha “Corno Drive-Thru” do Burger King representa inversão completa da lógica judicial que condenou Alexandre Correa. Enquanto o ex-marido de Ana Hickmann foi punido por “ofender” Edu Guedes ao se chamar de traído, a rede de fast-food celebra e recompensa exatamente a mesma atitude.
Entre os dias 10 e 12 de junho, vésperas do Dia dos Namorados, cornos assumidos poderão trocar suas histórias de traição por hambúrgueres gratuitos. A única exigência é levar uma testemunha para confirmar o relato e comprar um combo da lista pré-selecionada. Ou seja, até o “lanche grátis” não é bem grátis, mas pelo menos não custa R$ 60 mil.
A ironia é perfeita: Alexandre Correa pagou uma fortuna por fazer exatamente o que o Burger King está incentivando milhares de brasileiros a fazerem. A diferença fundamental é que Correa não ganhou nem um Whopper pela confissão, apenas uma conta salgada para pagar.
Justiça criminalizou, marketing premiou
O caso Correa versus a campanha do BK ilustra perfeitamente as contradições da sociedade brasileira. O que para um juiz constitui ofensa indenizável, para uma agência de publicidade representa oportunidade de engajamento e vendas. A mesma confissão que gerou processo judicial virou estratégia comercial premiada.
A decisão judicial que penalizou Correa estabeleceu precedente de que autodenominar-se “corno” pode ofender terceiros e gerar obrigação indenizatória. Seguindo essa lógica, o Burger King estaria incentivando milhares de brasileiros a cometerem o mesmo “crime” que custou R$ 60 mil ao empresário.
A campanha do BK ainda exige testemunha para comprovar a traição, elemento que não estava presente no caso Correa. Ironicamente, a rede de fast-food exige mais rigor probatório para dar um lanche do que a Justiça exigiu para aplicar multa milionária.
Campo Grande na rota dos cornos premiados
A capital sul-mato-grossense não ficará de fora da promoção que transforma humilhação conjugal em oportunidade gastronômica. As unidades de Campo Grande do Burger King participarão da campanha, oferecendo aos chifrudos locais a chance de transformarem suas mágoas em refeições.
A expectativa é que as unidades da cidade tenham filas consideráveis durante os três dias de promoção. Afinal, em tempos de crise econômica, até mesmo a humilhação pública pode valer um hambúrguer, especialmente quando a alternativa é pagar R$ 60 mil por fazer a mesma confissão.
Regras da humilhação premiada
A promoção do Burger King estabelece protocolo específico para a confissão pública de traição. Os interessados devem comparecer ao Drive-Thru acompanhados de testemunha que confirme a história do chifre. A limitação é de um resgate por CPF e um beneficiado por veículo, evitando abusos na distribuição de lanches.
Caso o Whopper não esteja disponível, o cliente recebe um Rodeio Duplo como consolação. A ironia do nome não passou despercebida: quem foi “montado” em casa pode ser consolado com hambúrguer que leva o nome de esporte onde se monta em touros bravos.
A lista de combos elegíveis é extensa, incluindo desde o clássico Whopper até opções mais elaboradas da família Mega Stacker. A variedade garante que cornos de todos os gostos e bolsos possam participar da promoção, desde que dispostos a pagar pelo combo obrigatório.
Lição brasileira sobre contradições sociais
O contraste entre a condenação de Correa e a campanha do Burger King oferece retrato perfeito das contradições brasileiras. O que é crime para um pode ser prêmio para muitos, dependendo do contexto e dos interesses envolvidos.
Enquanto Alexandre Correa apela da decisão que o obriga a pagar R$ 60 mil por se chamar de corno, milhares de brasileiros se preparam para fazer exatamente a mesma coisa em troca de hambúrgueres. A diferença é que uns pagam caro pela confissão, outros são pagos para fazê-la.
A campanha do BK prova que no Brasil até mesmo a humilhação pode virar oportunidade de negócio. Resta saber se Alexandre Correa tentará recuperar parte dos R$ 60 mil participando da promoção, levando Edu Guedes como testemunha para confirmar que realmente foi traído.
O marketing da traição
A genialidade da campanha está em transformar situação tradicionalmente constrangedora em momento de diversão e engajamento. O Burger King conseguiu criar buzz nacional ao abordar tema universal de forma irreverente, provando que no marketing brasileiro não existem tabus intransponíveis.
A estratégia segue linha similar de campanhas anteriores da marca, que já ofereceu lanches para carecas assumidos. A progressão lógica seria premiar outras características ou situações que as pessoas relutam em admitir publicamente, criando calendário anual de confissões premiadas.
O sucesso da iniciativa pode inspirar outras marcas a explorarem situações constrangedoras como oportunidades comerciais. Em breve, poderemos ter promoções para solteiros assumidos, endividados confessos ou até mesmo pessoas que admitam publicamente gostar de programas de auditório.
O Brasil mais uma vez confirma sua vocação para transformar drama em comédia, tragédia em oportunidade e constrangimento em campanha publicitária. Entre pagar R$ 60 mil por se chamar de corno ou ganhar um Whopper pela mesma confissão, a escolha parece óbvia para qualquer brasileiro minimamente racional.