Defesa protocola documento de 24 páginas no STF revelando inconsistências na colaboração premiada que sustenta investigação contra ex-presidente

Os advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro entregaram ao Supremo Tribunal Federal, nesta segunda-feira (30), um extenso documento de 24 páginas que expõe novas contradições e inverdades proferidas pelo tenente-coronel Mauro Cid. O material visa invalidar a delação premiada que serve como base para a investigação do alegado plano golpista.
O centro da argumentação defensiva recai sobre a utilização da conta do Instagram @gabrielar702. Os juristas destacam que Cid deliberadamente enganou o ministro Alexandre de Moraes ao negar categoricamente, durante interrogatório, ter se valido de plataformas digitais para discutir aspectos relacionados à sua colaboração com a Polícia Federal.
A situação ganhou novos contornos após virem à tona as conversas mantidas por Cid com o advogado Eduardo Kuntz através do perfil mencionado. Diante da exposição, o tenente-coronel solicitou oficialmente ao STF que investigasse o episódio, reiterando por escrito, em múltiplas ocasiões, jamais ter operado a referida conta.
Por determinação de Moraes, a Meta forneceu ao tribunal supremo todos os registros do perfil em questão. Com base nessas informações, a equipe jurídica de Bolsonaro produziu um relatório minucioso, sustentando que as evidências comprovam inequivocamente as falsas declarações de Cid.
O documento foi apresentado em momento estratégico, às vésperas dos depoimentos de Kuntz, do advogado Paulo Cunha Bueno e do ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten no inquérito que investiga possível obstrução da justiça.
Evidências técnicas comprometem versão do delator
A defesa enumera elementos técnicos que desmentem a narrativa apresentada por Cid. Entre os aspectos mais relevantes figura a utilização do endereço eletrônico maurocid@gmail.com para estabelecer o perfil @gabrielar702, com confirmação de resposta quando solicitado.
Adicionalmente, os advogados apontam a vinculação desse correio eletrônico ao número telefônico pessoal de Mauro Cid, criado em 2005 e já confiscado pela Polícia Federal durante as investigações. O endereço de IP associado à conta também representa forte indício, uma vez que aponta diretamente para a vila militar em Brasília onde o delator reside.
As revelações, conforme reportado pela revista Veja, fortalecem significativamente a tese defensiva de que a colaboração premiada foi construída sobre bases frágeis e declarações inverídicas. Essa estratégia jurídica pode representar um ponto de virada crucial na investigação, especialmente considerando que toda a acusação contra o ex-presidente fundamenta-se principalmente no testemunho de Cid.
A documentação apresentada pelos advogados demonstra o comprometimento da credibilidade do principal delator, questionando assim a solidez de todo o processo investigativo. A descoberta dessas inconsistências levanta sérias dúvidas sobre a veracidade de outras informações fornecidas por Cid em sua colaboração com as autoridades.
Os próximos desdobramentos no STF serão determinantes para definir os rumos da investigação e avaliar o impacto dessas revelações na continuidade do inquérito que envolve o ex-presidente e outros investigados.