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A disputa que definirá o futuro político de MS: PSDB quer impor condições a Bolsonaro

Lideranças tucanas marcam reunião decisiva para o dia 21 e planejam “tomar” o PL em troca de apoio à reeleição de Riedel

Foto: Redes Sociais
Foto: Redes Sociais

O alto escalão do PSDB sul-mato-grossense definiu o Partido Liberal (PL) como alvo prioritário para alianças nas próximas eleições, mas com uma condição ousada: assumir o controle total da legenda no estado. A movimentação ganha contornos decisivos com uma reunião marcada para 21 de maio, considerada a articulação política mais estratégica para os tucanos no momento atual.

As lideranças tucanas reconhecem a importância crucial de uma aliança com o PL para garantir a reeleição de Eduardo Riedel ao governo estadual e a eleição de Reinaldo Azambuja ao Senado. No entanto, há um obstáculo significativo nessa negociação: a influência direta do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre o partido em Mato Grosso do Sul.

Reinaldo Azambuja já iniciou conversações com membros do PL para construir pontes, mas o grande impasse reside na relação com Bolsonaro, exatamente quem selou a aliança com o PSDB no ano passado, quando negociou apoio a Beto Pereira (PSDB) na disputa pela Prefeitura de Campo Grande.

Segundo apuração, a cúpula tucana, encabeçada por Azambuja e Riedel, demonstra preocupação sobre os termos dessa relação, especialmente considerando a expressiva força do PSDB no estado, realidade distinta de outras unidades da federação onde o partido perdeu relevância.

Em termos práticos, os caciques tucanos pretendem deixar explícito a Bolsonaro que, caso ocorra a filiação deles ao PL, assumirão o comando integral da sigla no estado, vetando interferências externas – inclusive do próprio ex-presidente.

Essa condição representaria uma mudança radical no atual cenário político, onde Bolsonaro exerce controle absoluto sobre as decisões do PL em Mato Grosso do Sul. Foi sob seu comando direto que Rodolfo Nogueira foi nomeado presidente estadual, que Marcos Pollon foi designado e posteriormente afastado, e que Tenente Portela assumiu a função.

A dinâmica de poder entre Bolsonaro e a possível nova direção seria fundamentalmente diferente. Diferentemente de Pollon e Nogueira, Azambuja e Riedel não dependem diretamente do capital político do ex-presidente para suas aspirações eleitorais, embora reconheçam que essa aliança facilita consideravelmente o caminho. Tanto Rodolfo quanto Pollon foram eleitos na esteira do fenômeno bolsonarista e agora enfrentarão o desafio de provar sua viabilidade eleitoral independentemente do ex-presidente.

Por outro lado, Bolsonaro já sinalizou aos correligionários que reconhece a importância estratégica da aliança com o PSDB no estado, mas não pretende abrir mão de fazer exigências no processo de negociação.

A reunião agendada para o próximo dia 21 terá como ponto central de discussão a possível filiação dos tucanos ao PL, com uma questão crucial a ser respondida pelo ex-presidente e seus aliados: “Estão cientes de que teremos autonomia e perderão o comando?”

A resposta a essa pergunta pode redesenhar completamente o tabuleiro político de Mato Grosso do Sul para as próximas eleições, estabelecendo novas relações de poder entre duas forças significativas do espectro político de centro-direita no estado.