Governo ucraniano vê Brasil tomando lado russo ao participar de desfile militar em Moscou enquanto presidente petista é ignorado em Roma

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky rechaçou categoricamente uma tentativa de diálogo proposta pelo governo brasileiro, evidenciando o crescente isolamento diplomático de Lula em meio à sua controversa decisão de visitar Moscou. O mandatário brasileiro estará na capital russa entre 8 e 10 de maio para participar das comemorações pelos 80 anos da vitória contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial, evento que se transformou em significativa demonstração de força militar sob o regime de Vladimir Putin.
A rejeição ucraniana à solicitação de conversa, feita no início de abril, representa um duro golpe às pretensões do Brasil de se posicionar como mediador neutro no conflito. Fontes do alto escalão de Kiev, que solicitaram anonimato, não pouparam críticas à postura do governo petista, qualificando-a como desrespeitosa e contraditória.
“É uma pena que o governo Lula tenha escolhido esse caminho estranho, ignorando completamente a Ucrânia, desrespeitando abertamente Zelensky e então, de repente, tentando obter de Kiev um álibi e uma desculpa para ir a Moscou apoiar abertamente Putin num horrível desfile militar, mas disfarçando essa intenção sob o pretexto de ‘mediação de paz'”, afirmou uma das fontes ucranianas ouvidas pela imprensa internacional.
Outro representante de Kiev foi ainda mais direto em sua avaliação: “Lula vai, literalmente, mostrar que está ao lado de Putin”. Esta declaração expõe a percepção crescente de que o Brasil, sob o atual governo, abandona sua histórica imparcialidade em conflitos internacionais para assumir uma posição favorável ao regime russo, considerado agressor pela maioria das democracias ocidentais.
O distanciamento entre os dois líderes ficou evidente durante os funerais do Papa Francisco no último sábado (26), quando ambos estiveram presentes em Roma, mas não mantiveram qualquer contato. Enquanto isso, Zelensky encontrou tempo em sua agenda para reunir-se com o presidente Donald Trump em plena Basílica de São Pedro, além de diversos líderes europeus, sinalizando claramente suas prioridades diplomáticas.
A situação constrangedora reforça o crescente isolamento do Brasil nas discussões sobre o conflito na Ucrânia. Enquanto nações democráticas ocidentais mantêm posição firme contra a invasão russa, o governo brasileiro tem adotado postura considerada ambígua por especialistas, frequentemente equiparando invasor e invadido em suas declarações oficiais.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil optou por não se manifestar sobre as críticas vindas de Kiev, demonstrando desconforto com a repercussão negativa da agenda presidencial. A visita de Lula à Rússia, programada para coincidir com exibições de poderio militar russo, deve aprofundar ainda mais o desgaste da imagem brasileira entre países que condenam a invasão da Ucrânia.
As informações sobre o incidente diplomático foram reveladas pela coluna de Américo Martins, da CNN Brasil, e levantam dúvidas sobre a capacidade do atual governo de manter o protagonismo e respeito internacional que o Brasil historicamente conquistou em sua política externa.