Pesquisar

Moraes usa prisão de Lula como referência para manter Bolsonaro na PF em Brasília

STF calcula impacto político e evita transferir ex-presidente para a Papuda neste momento

Alexandre de Moraes Foto: Fellipe Sampaio /STF
Alexandre de Moraes Foto: Fellipe Sampaio /STF

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou nesta terça-feira (25) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) continue preso na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde está desde sábado (22), para cumprir a pena de 27 anos e três meses imposta pela Corte.

Ao decidir que a execução da pena será na PF, Moraes citou diretamente o precedente da prisão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2018:
– “Expeça-se o mandado de prisão, que deverá ser cumprido na Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal […], devendo permanecer o réu naquela sala de Estado-Maior (PET 8.213/PR – MC, Rel. Min. EDSON FACHIN, j. 07/08/2019), onde se encontra custodiado em virtude de prisão preventiva” – escreveu o ministro.

Na mesma decisão, Moraes ordenou a realização de exames médicos oficiais para o início da execução da pena, com registro das “observações clínicas indispensáveis ao adequado tratamento penitenciário”.

Nos bastidores, a avaliação é de que uma transferência imediata de Bolsonaro para a Penitenciária da Papuda poderia gerar forte comoção popular e ampliar a crise política, algo que o STF tenta evitar. Diante do impacto de manter um ex-presidente preso por suposta tentativa de golpe, a orientação interna é conduzir o processo de forma gradual e discreta, ao contrário do que ocorreu na Lava Jato.

Quando Lula foi detido em 2018, uma multidão de apoiadores se aglomerou em frente à PF em Curitiba, expondo ao mundo o racha político do país. Agora, o Supremo busca controlar a narrativa e marcar diferença em relação àquele período, em meio às acusações de perseguição direcionada à direita e a Bolsonaro.