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Chile terá segundo turno entre conservador Kast e comunista apoiada por Boric em dezembro

Direita avança e consolida desgaste do governo de esquerda, que tenta manter influência com Jeannette Jara

Foto de Daniel M. na Unsplash
Foto de Daniel M. na Unsplash

O Chile decidiu neste domingo (16) que a disputa presidencial será definida em segundo turno, marcado para 14 de dezembro, entre dois projetos opostos: de um lado, a comunista Jeannette Jara, ex-ministra do Trabalho e Previdência Social e candidata apoiada pelo presidente esquerdista Gabriel Boric; de outro, o conservador José Antonio Kast, ex-deputado e referência da direita no país.

Com 99,99% das urnas apuradas, Jara aparecia com 26,85% dos votos, enquanto Kast somava 23,92%. A diferença é bem mais apertada do que apontavam as pesquisas, que projetavam a comunista acima dos 30% e em situação mais confortável.

A grande surpresa da eleição foi o desempenho do direitista Franco Parisi, novamente em terceiro lugar, com 18,62%, sustentado sobretudo por uma forte votação nas regiões mineradoras do norte. Em seguida apareceram Johannes Kaiser, com 13,92%, e Evelyn Matthei, com 13,47%, ambos também do campo à direita do espectro político.

Matthei foi a primeira a reconhecer o resultado e afirmou que irá cumprimentar Kast pessoalmente. Kaiser também declarou apoio e disse que seu novo partido “é uma força que veio para ficar na política nacional”, reforçando a tendência de reorganização e fortalecimento da direita chilena.

Do Palácio de La Moneda, Boric parabenizou Jara e Kast e pediu “um debate à altura” do país, afirmando que “o Chile tem uma democracia saudável, uma democracia robusta que não podemos deixar de cuidar todos os dias”. O discurso tenta conter o desgaste de seu governo, cuja aprovação gira em torno de 30%.

Além da Presidência, mais de 15,6 milhões de eleitores também escolheram todos os 155 deputados e 23 dos 25 senadores. Pesquisas indicam um avanço considerável da direita no Congresso, o que tende a limitar ainda mais a influência da esquerda ligada a Boric. Desde 2006, nenhum presidente chileno conseguiu eleger um sucessor do mesmo campo ideológico, e o cenário atual aponta para a continuidade dessa alternância, com clara vantagem política para a direita no segundo turno.