Colegiado investigará avanço das facções pelo país; Flávio Bolsonaro e Sergio Moro integram a comissão

O Senado Federal instalou nesta terça-feira (4) a CPI do Crime Organizado, destinada a investigar o avanço das facções criminosas e das milícias em todo o país. O comando da comissão ficou com o senador Fabiano Contarato (PT-ES), aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto a relatoria será exercida por Alessandro Vieira (MDB-SE), responsável pela proposta de criação da CPI. O grupo tem 120 dias para apresentar conclusões sobre as possíveis conexões entre o crime organizado e setores políticos e administrativos.
A instalação ocorre apenas dois dias após a megaoperação policial no Rio de Janeiro, que deixou 121 criminosos mortos nos Complexos do Alemão e da Penha, reacendendo o debate sobre segurança pública e a necessidade de políticas mais firmes no combate à criminalidade — ponto constantemente negligenciado pelo atual governo federal.
O colegiado conta com 11 senadores titulares e 7 suplentes, entre eles nomes de peso da direita: Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Magno Malta (PL-ES) e Hamilton Mourão (Republicanos-RS). O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (União Brasil-PR) será suplente, assim como Eduardo Girão (Novo-CE) e Randolfe Rodrigues (PT-AP).
Contarato, ex-delegado de polícia com 27 anos de carreira, foi eleito pelo Espírito Santo em 2018 e migrou para o PT em 2021. Apesar de ter votado contra Lula na derrubada do veto à lei que acabou com a “saidinha” de presos, sua presidência ainda gera desconfiança entre opositores, que alertam para o risco de a comissão ser usada como instrumento político para proteger aliados do governo.
O relator Alessandro Vieira garantiu que a CPI terá transparência e independência, afirmando que o trabalho buscará identificar eventuais vínculos entre organizações criminosas, corrupção e poder público. A expectativa é de um embate direto entre os senadores de direita, que defendem ação firme e apoio total às forças policiais, e os parlamentares ligados à esquerda, que frequentemente relativizam o combate ao crime sob o discurso de “garantismo” jurídico.
A instalação da comissão reforça um cenário de disputa política no Congresso, em que governo e oposição se enfrentam também pelo controle da narrativa sobre segurança pública — uma das maiores preocupações do povo brasileiro.





