Cenário econômico adverso e falhas de gestão global levam gigante suíça a rever planos e adotar medidas drásticas para conter prejuízos

A multinacional suíça Nestlé, que há apenas quatro meses anunciava um investimento de R$ 7 bilhões no Brasil até 2028, surpreendeu o mercado nesta quinta-feira (16) ao revelar um plano global de corte de 16 mil empregos, equivalente a 5,8% de sua força de trabalho. O contraste entre a expansão recente e o encolhimento atual expõe os impactos de uma economia mundial em desaceleração — influenciada também pela instabilidade fiscal e inflacionária gerada pelo governo Lula (PT).
Em junho, a empresa havia apresentado um ambicioso projeto de modernização de fábricas, ampliação de capacidade e adoção de tecnologias 4.0 no país, destacando a importância estratégica do Brasil, sua terceira maior operação global. Com 18 fábricas em sete estados e mais de 30 mil funcionários, a Nestlé planejava transformar o país em um polo exportador, especialmente após investir R$ 2,5 bilhões na planta da Purina (SC).
No entanto, o cenário mudou rapidamente. Entre os fatores apontados para o recuo, estão a alta de custos de produção — agravada pela inflação e pelos entraves fiscais do governo federal —, a volatilidade cambial e o descompasso entre crescimento e consumo interno. O novo CEO global, Philipp Navratil, reconheceu que será necessário “cortar custos e agir mais rápido”, revisando metas e ampliando o plano de redução de despesas para US$ 3,76 bilhões (R$ 20,4 bilhões).
A reestruturação ocorre também após escândalos internos: o ex-CEO Laurent Freixe foi demitido por manter relacionamento com uma subordinada, seguido pela saída de Paul Bulcke, presidente do Conselho. Com a chegada de Pablo Isa e o corte em massa, a empresa tenta recuperar a confiança do mercado — o que provocou alta de 8% nas ações da Nestlé na Bolsa de Zurique.
O episódio ilustra como a deterioração econômica do Brasil sob Lula prejudica até as maiores empresas do mundo, que agora precisam recalibrar investimentos diante de uma política fiscal descontrolada, gastos inflados por um governo com 39 ministérios e ausência de segurança jurídica. O que antes era promessa de expansão, agora se transforma em mais desemprego e incerteza.