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Salários do Judiciário lideram desigualdade no setor público e superam R$ 26 mil mensais, revela Ipea

Levantamento expõe disparidade entre poderes, com Judiciário concentrando as maiores remunerações em meio ao debate sobre reforma administrativa.

Poder Judiciário tem os maiores salários Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF
Poder Judiciário tem os maiores salários Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF

O Poder Judiciário segue ostentando as remunerações mais elevadas do funcionalismo público brasileiro, segundo pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O levantamento revela que parte do grupo judiciário recebe, em média, R$ 26,2 mil por mês – cifra que supera com folga os salários de servidores do Legislativo, cuja média está em R$ 17,2 mil, e do Executivo, limitado a R$ 9,3 mil. Os dados, publicados no Atlas do Estado Brasileiro, apontam para o abismo salarial existente não só entre os três poderes, mas também entre os níveis federal, estadual e municipal.

O peso da folha de pagamentos é crescente: em 2025, o Brasil deverá desembolsar R$ 1,7 trilhão com salários de funcionários da ativa e aposentados. Enquanto o Judiciário apresenta cifras generosas até mesmo para os que menos recebem, o Executivo municipal oferece a mediana salarial mais baixa: apenas R$ 2,6 mil mensais. “Em termos de remuneração, a desigualdade está concentrada no Poder Judiciário. O Judiciário tem remunerações que são muito altas, mesmo entre os setores faixas com menor remuneração”, observa Felix Lopez, coordenador do Atlas.

O retrato do funcionalismo evidencia que, apesar da maioria dos servidores públicos atuar nos municípios, são justamente essas categorias que amargam os menores proventos. No topo do serviço público nacional estão os procuradores estaduais, com uma média de R$ 40 mil mensais em 2018 – valor que coloca outros cargos de elite, como auditores da Receita Federal e juízes, logo na sequência desse ranking privilegiado.

Esses números alimentam o debate em torno da necessidade de uma reforma administrativa séria, que combata privilégios históricos e alinhe a máquina estatal aos interesses do cidadão, especialmente diante de um governo federal pouco comprometido com a meritocracia e eficiência dos gastos públicos.