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Estudo aponta que Bolsa Família reduz participação no mercado de trabalho entre jovens

Pesquisa da FGV revela que uma a cada duas famílias abandonam emprego formal para viver do benefício

Foto: Rafael Lampert Zart/ Agência Brasil
Foto: Rafael Lampert Zart/ Agência Brasil

Pesquisa do FGV Ibre demonstra que ampliação do Bolsa Família em 2023 provocou impacto negativo na participação de beneficiários no mercado de trabalho formal. O estudo conduzido pelo economista Daniel Duque revela que metade das famílias contempladas pelo programa optou por abandonar atividades laborais remuneradas.

Após elevação do valor médio para aproximadamente R$ 670, a taxa de participação dos beneficiários no mercado de trabalho despencou 11% comparativamente a grupos que não recebem o auxílio governamental. Entre recém-incluídos no programa assistencial, as probabilidades de estar ocupado recuaram 12%, enquanto chances de emprego formal diminuíram 13%.

Homens jovens são mais afetados pelo desestímulo

O fenômeno concentra-se predominantemente em homens jovens entre 14 e 30 anos, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do país. Essa faixa etária representa segmento fundamental para desenvolvimento econômico e inserção produtiva nacional.

Para Daniel Duque, embora existam regras de desligamento gradual do programa social, prevalece percepção de estabilidade proporcionada pela renda garantida do Bolsa Família sobre vínculos empregatícios formais. “A percepção de risco sobre a renda segura do Bolsa Família pesa mais do que o apego à renda de um trabalho formal”, declarou o economista.

Política assistencial gera dependência governamental

Os resultados evidenciam efeito perverso de políticas assistenciais mal estruturadas, que desestimulam busca por autonomia financeira através do trabalho produtivo. A preferência pela segurança do benefício sobre oportunidades de crescimento profissional compromete desenvolvimento socioeconômico individual e coletivo.

A pesquisa expõe contradição fundamental na estratégia governamental de combate à pobreza, revelando que ampliação indiscriminada de programas sociais pode perpetuar dependência estatal em vez de promover emancipação através do trabalho digno.

O estudo da FGV Ibre fornece evidências científicas sobre necessidade de reformulação dos critérios e valores dos programas assistenciais, priorizando mecanismos que incentivem transição para mercado formal em lugar de acomodação na dependência governamental.