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Trump avalia sanções a Gonet por pedir prisão de Bolsonaro

Governo dos EUA critica PGR e STF em meio a tensões com o Brasil

Paulo Gonet, procurador-geral da República Foto: Leobark Rodrigues, Leonardo Prado/SECOM/MPF
Paulo Gonet, procurador-geral da República Foto: Leobark Rodrigues, Leonardo Prado/SECOM/MPF

O governo de Donald Trump voltou suas atenções para o procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, discutindo nesta terça-feira (15) a possibilidade de impor sanções contra ele. O motivo seria o pedido de condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com penas que podem chegar a 43 anos de prisão, apresentado por Gonet ao Supremo Tribunal Federal (STF). A medida americana intensifica o atrito com autoridades brasileiras, vistas pelo republicano como responsáveis por uma perseguição política contra o líder conservador.

Trump já havia expressado seu descontentamento em uma carta enviada ao governo brasileiro, na qual anunciou a taxação de 50% sobre produtos do Brasil, apontando como principal justificativa o que classificou de “caça às bruxas” contra Bolsonaro. Gonet, ao ignorar o posicionamento do presidente americano, tornou-se alvo de críticas diretas da Casa Branca, que agora estuda punições contra ele, semelhantes às que planeja impor ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Sanções em análise

As punições em discussão incluem a aplicação da Lei Magnitsky e da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, ferramentas utilizadas pelos EUA para sancionar indivíduos acusados de violações de direitos humanos ou atos contra interesses americanos. Tanto Gonet quanto Moraes podem ser enquadrados nessas medidas, em um movimento que reflete a insatisfação de Trump com o que considera interferência indevida no cenário político brasileiro. A iniciativa demonstra o apoio explícito do governo americano a Bolsonaro, figura alinhada aos valores defendidos pelo republicano.

Acusações contra Bolsonaro

No parecer entregue ao STF, a PGR apresentou suas alegações finais na ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. O órgão acusa Bolsonaro de liderar uma organização criminosa armada, com o objetivo de deslegitimar o sistema eleitoral brasileiro, incitar ataques contra instituições democráticas e planejar medidas de exceção. Entre os crimes atribuídos ao ex-presidente estão organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

Reação do STF e da PGR

Apesar da pressão internacional, ministros do STF têm declarado a jornalistas que suas decisões não serão influenciadas por ameaças ou sanções dos Estados Unidos. A postura indica que tanto o tribunal quanto a PGR pretendem manter sua linha de atuação, independentemente das consequências diplomáticas. Essa resistência pode agravar ainda mais as relações entre Brasil e EUA, em um momento em que o governo de Lula já enfrenta críticas por sua política externa e econômica.

Riscos e desdobramentos

A possibilidade de sanções contra autoridades brasileiras por parte dos EUA representa um capítulo inédito na história das relações bilaterais. Para a oposição ao governo petista, a intervenção de Trump reforça a narrativa de que Bolsonaro é alvo de uma perseguição orquestrada por setores do Judiciário e da PGR, alinhados a interesses contrários aos da direita conservadora. Por outro lado, o embate pode complicar a posição do Brasil no cenário internacional, especialmente em negociações comerciais e diplomáticas com os Estados Unidos. O desfecho dessa crise promete ser um dos temas centrais do debate político nas próximas semanas.