Gleisi Hoffmann tenta transferir responsabilidade para gestão anterior enquanto impede CPI que poderia expor envolvidos atuais

O governo Lula adotou uma estratégia política questionável para lidar com o escândalo bilionário das fraudes no INSS: enquanto seus aliados apontam o dedo para a gestão Bolsonaro, eles mesmos se recusam sistematicamente a apoiar uma investigação transparente no Congresso Nacional. A contradição expõe a falta de interesse real da atual administração em esclarecer completamente o caso que prejudica milhões de aposentados brasileiros.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, protagonizou nesta quarta-feira (28) mais um episódio dessa narrativa enviesada ao afirmar que “foi Bolsonaro quem abriu as portas do INSS para ladrões”. Segundo a petista, apenas na gestão atual as investigações teriam avançado e as cobranças irregulares de mensalidades associativas foram suspensas.
Manobra política evidencia medo de exposição
A declaração de Gleisi representa uma manobra calculada para transferir toda a responsabilidade pelo esquema fraudulento ao governo anterior, ignorando convenientemente que os descontos indevidos continuaram ocorrendo mesmo após a posse de Lula em janeiro de 2023. Essa tentativa de isenção de culpa levanta questionamentos sobre o que realmente o governo atual sabia e quando tomou conhecimento das irregularidades.
Mais revelador ainda é o posicionamento da ministra contra a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o caso. Gleisi alega que uma apuração legislativa poderia prejudicar as investigações conduzidas pela Polícia Federal, argumentando que “uma CPMI, no ambiente de exploração política em que está sendo proposta, pode comprometer o sucesso da investigação policial”.
Argumentos frágeis escondem interesse em controlar narrativa
O argumento utilizado pela ministra para justificar a oposição à CPMI soa mais como pretexto do que preocupação legítima com a eficácia das investigações. Historicamente, comissões parlamentares de inquérito têm funcionado de forma complementar às investigações policiais, muitas vezes fornecendo elementos importantes para o esclarecimento de escândalos de corrupção.
A resistência do governo em aceitar uma investigação transparente no Legislativo sugere que há mais informações comprometedoras do que se imagina. Se realmente não há nada a esconder na gestão atual, por que temer uma apuração ampla e pública?
Outros aliados do governo Lula também se alinharam ao discurso de Gleisi, intensificando as críticas de parlamentares da oposição e de entidades que representam os interesses dos aposentados. Essas organizações cobram maior responsabilização de todos os envolvidos no esquema, independentemente de partidarismo político.
Pressão aumenta após revelação de omissões
A pressão pela instalação da CPMI se intensificou significativamente após virem à tona informações de que os descontos fraudulentos continuaram sendo aplicados mesmo depois de alertas internos sobre irregularidades. Esse fato contradiz frontalmente a versão oficial do governo de que as medidas corretivas foram tomadas assim que o problema foi identificado.
A revelação expõe uma possível negligência da atual gestão em proteger os direitos dos beneficiários do INSS, colocando em xeque o discurso de que apenas agora as investigações estariam sendo levadas a sério. Se havia conhecimento prévio das fraudes e ainda assim os descontos continuaram, surge a questão sobre a real efetividade das medidas adotadas pelo governo.
Beneficiários continuam prejudicados enquanto governo joga politicamente
Enquanto o governo Lula e seus aliados se dedicam ao jogo de empurra de responsabilidades, milhões de aposentados e pensionistas continuam enfrentando as consequências financeiras diretas do esquema fraudulento. O prejuízo bilionário causado pelos descontos indevidos representa recursos que fazem falta no orçamento familiar de pessoas que dependem exclusivamente da previdência social.
A postura do governo revela uma preocupação maior com a preservação da imagem política do que com a reparação efetiva dos danos causados aos beneficiários. Uma investigação ampla e transparente no Congresso poderia acelerar a identificação de todos os responsáveis e, consequentemente, agilizar as medidas de ressarcimento aos prejudicados.
A resistência à CPMI demonstra que, mesmo três anos após assumir o poder, o governo Lula ainda prefere culpar a gestão anterior a assumir suas próprias responsabilidades na condução dos órgãos públicos federais.