Relatora do Podemos identificou contradições em depoimento sobre relações societárias no mercado de apostas online

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, demonstrou firmeza na condução dos trabalhos ao dar voz de prisão ao empresário Daniel Pardin Tavares Lima durante sessão realizada nesta semana. A parlamentar identificou que o depoente estaria prestando falso testemunho, decisão que foi confirmada pelo presidente da comissão, deputado Dr. Hiran (PP-RR).
O momento decisivo ocorreu quando o empresário, que foi convocado como testemunha, declarou não conhecer Adélia de Jesus Soares, outra pessoa convocada pela CPI que não compareceu à sessão. A afirmação revelou-se contraditória com os documentos em posse da comissão.
“Ele mentiu mais de três ou quatro vezes, e nós demos a chance, repetimos perguntas. Ninguém constitui uma sociedade com quem você não conhece”, afirmou Thronicke, revelando que Adélia é, na verdade, sócia do empresário na empresa Peach Blossom River Technology.
A investigação da CPI apurou ainda que Adélia possui outra empresa, a Payflow, que atua no segmento de pagamentos digitais do setor de apostas online e está sob investigação da Polícia Civil do Distrito Federal por suspeita de lavagem de dinheiro e transferências ilegais.
O desdobramento da sessão evidenciou o compromisso da parlamentar com a busca pela verdade. Quando a defesa do empresário questionou a prisão e insinuou abuso de autoridade, Thronicke respondeu com segurança: “Me processe então”, demonstrando convicção em sua decisão baseada nos fatos apresentados.
A comissão havia seguido todos os trâmites legais. O presidente do colegiado informou que os advogados do empresário tentaram impetrar um habeas corpus na véspera da sessão, mas o pedido não foi deferido pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Durante a maior parte do depoimento, Pardin optou por permanecer em silêncio, direito garantido a qualquer depoente. No entanto, ao decidir responder a algumas perguntas, assumiu o compromisso legal de dizer a verdade, o que, segundo a avaliação da CPI, não ocorreu.
Após contestação da defesa e uma breve suspensão da sessão, o presidente da comissão ordenou que a Polícia Judiciária conduzisse o empresário, reforçando a determinação do colegiado em não tolerar obstruções às investigações.
A CPI das Bets tem avançado na investigação do mercado de apostas online, que movimenta bilhões de reais anualmente no Brasil e, segundo especialistas, necessita de maior fiscalização e regulamentação para evitar crimes financeiros e proteção aos consumidores.