PF e CGU desvendam esquema que desviou R$ 6,3 bilhões de aposentados em operação que levou ao afastamento do presidente do INSS e descredenciamento da entidade dirigida por “Frei Chico”

O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) entrou na mira das autoridades federais nesta quarta-feira (23) como parte de uma operação que investiga um esquema monumental de fraudes contra beneficiários do INSS. A entidade, que tem como diretor vice-presidente José Ferreira da Silva, conhecido como “Frei Chico” e irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi alvo de busca e apreensão e acabou descredenciada pela Polícia Federal.
A operação conjunta da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal desarticulou um esquema que teria movimentado cifras astronômicas: aproximadamente R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, provenientes de descontos associativos não autorizados em benefícios de aposentados e pensionistas.
As diligências resultaram em medidas drásticas, com o cumprimento de 211 mandados de busca e apreensão, ordens de sequestro de bens que ultrapassam R$ 1 bilhão, seis mandados de prisão temporária espalhados pelo Distrito Federal e outros 13 estados, além do afastamento de seis servidores públicos de suas funções.
Um dos maiores abalos institucionais da operação foi o afastamento do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que posteriormente apresentou pedido de demissão do cargo. A saída do chefe do órgão evidencia a gravidade das descobertas e amplia o cenário de crise na autarquia previdenciária sob a gestão petista.
Em comunicado após a operação, o Sindnapi tentou minimizar seu envolvimento afirmando que “a proteção dos direitos dos aposentados é uma prioridade fundamental para garantir uma sociedade mais justa e solidária”. A entidade alegou ainda que “quando surgem denúncias de descontos irregulares nos benefícios, é essencial que essas alegações sejam levadas a sério e investigadas de forma rigorosa”.
O texto divulgado pelo sindicato dirigido pelo irmão do presidente sustenta que “uma investigação séria e transparente ajuda a identificar possíveis irregularidades” e que a organização “apoia a investigação das denúncias de irregularidades nos descontos em benefícios dos aposentados”.
O escândalo levanta questionamentos sobre possíveis conexões políticas no esquema, especialmente devido à proximidade familiar entre a alta direção do sindicato investigado e o Palácio do Planalto, em um momento em que o governo federal já enfrenta diversas turbulências na gestão da previdência social brasileira.