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A suspensão das novas contratações de crédito rural com subvenção federal dentro do Plano Safra 2024/2025, anunciada pelo Tesouro Nacional nesta sexta-feira (21), gerou forte reação no setor agropecuário. A decisão interrompe o acesso de produtores rurais a diversas linhas de financiamento essenciais para custeio e investimento, impactando diretamente a produção nacional de alimentos.
A justificativa do governo federal para a suspensão é o atraso na aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025, que deveria ter sido votada em dezembro do ano passado, mas segue sem definição e só deve ser analisada pelo Congresso Nacional em março. Sem o orçamento aprovado, políticas públicas como a equalização de juros do crédito rural ficam travadas, impedindo a liberação dos financiamentos para os produtores.
Impactos no agronegócio
A paralisação do crédito afeta especialmente os produtores que dependem de recursos para preparar a nova safra. Sem financiamento, os custos de produção aumentam, o que pode prejudicar a competitividade do agronegócio e pressionar os preços dos alimentos no mercado interno. A suspensão impacta, principalmente, o setor de grãos, fundamental para a produção de ração animal e abastecimento da cadeia de proteínas da cesta básica.
O Plano Safra é uma das principais ferramentas de incentivo à agricultura no Brasil, garantindo financiamento para pequenos, médios e grandes produtores. A decisão do governo de Lula, no entanto, deixou apenas o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) em operação, enquanto as demais linhas equalizadas seguem suspensas até que haja orçamento disponível.
Reações do setor e tentativas de reversão
A Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA) manifestou preocupação com a decisão e classificou a medida como um ataque à segurança alimentar do país. Parlamentares ligados ao setor alegam que a falta de crédito compromete não apenas o abastecimento interno, mas também as exportações agrícolas, uma das principais fontes de receita do Brasil.
Diante da pressão de ruralistas e da oposição, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que buscará uma solução junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) para tentar viabilizar os financiamentos antes da aprovação da LOA. Segundo informações da CNN, um pedido será formalizado na próxima semana, mas ainda não há garantias de que os recursos serão liberados a tempo de evitar prejuízos ao setor.
A suspensão do crédito rural ocorre em um momento delicado para a economia brasileira, com o setor produtivo já enfrentando desafios como a alta da taxa Selic, atualmente em 13,25%, que encarece os financiamentos. A medida reforça a insegurança entre os produtores e pode impactar o planejamento da safra, aumentando ainda mais a tensão entre o governo Lula e o agronegócio.
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