Proposta para ampliar número de parlamentares ignora necessidade de cortes e eficiência na gestão do dinheiro público.
A possibilidade de aumento no número de deputados federais, cogitada pela Câmara dos Deputados, tem gerado críticas intensas devido aos custos adicionais que acarretará para os cofres públicos. O projeto prevê um acréscimo de 18 deputados, elevando o total de 513 para 531 parlamentares. A mudança busca atender à recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a redistribuição proporcional das bancadas estaduais com base nos dados populacionais.
Embora a proposta busque corrigir distorções no sistema de representatividade, muitos especialistas argumentam que o impacto financeiro da medida é preocupante. Cada novo deputado significará mais despesas com salários, benefícios, assessores e verbas de gabinete. Atualmente, o salário bruto de um parlamentar é de R$ 39 mil, sem incluir auxílios e benefícios adicionais. Além disso, a ampliação exigiria ajustes na infraestrutura física da Câmara, que já opera em sua capacidade máxima, aumentando ainda mais os custos.
Estima-se que a inclusão de 18 novos parlamentares gere despesas anuais na casa de dezenas de milhões de reais, em um momento em que o Brasil enfrenta uma crise fiscal e déficit orçamentário. Para críticos, a ampliação do número de deputados contraria o discurso de austeridade necessário em tempos de instabilidade econômica, além de aprofundar a desconfiança da sociedade em relação à classe política.
Defensores da medida afirmam que ela visa garantir maior equilíbrio federativo e que a redistribuição das cadeiras é um mecanismo constitucional para corrigir desigualdades entre os estados. No entanto, críticos argumentam que há formas alternativas de fortalecer a representatividade sem ampliar os gastos, como melhorar a eficiência do funcionamento legislativo e reduzir privilégios.
Organizações de controle social têm defendido, ao contrário, uma redução no número de parlamentares. Modelos de outros países são frequentemente citados como referência, a exemplo dos Estados Unidos, que têm apenas 435 representantes para uma população de mais de 300 milhões de pessoas. Segundo esses grupos, uma redução não apenas geraria economia, mas também traria maior eficiência na gestão pública.
A proposta segue em discussão na Câmara e na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Enquanto isso, cresce o debate na sociedade sobre o uso responsável dos recursos públicos, com pressão popular para que o Legislativo priorize reformas que reduzam os gastos e otimizem a gestão do país.